Transtorno Obsessivo-Compulsivo
Introdução
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um transtorno com prevalência estimada ao longo da vida de 2,5% na população, que gera muito sofrimento ao portador do transtorno e à família, que muitas vezes modifica sua rotina para adaptar-se às necessidades do paciente, enquanto o tratamento não é iniciado.
Sintomas frequentes
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um transtorno psiquiátrico caracterizado por dois fatores que podem estar associados: a ocorrência de pensamentos intrusivos (obsessões) e/ou a presença de rituais repetitivos (compulsões). As compulsões podem ser ações ou pensamentos realizados na tentativa de anular ou neutralizar as obsessões.
Obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes, vivenciadas como intrusivas e indesejadas, provocando ansiedade e estresse. O indivíduo com TOC tenta a todo custo suprimir, ignorar ou neutralizar as obsessões, muitas vezes fazendo uso de outro pensamento ou ação. Esse deslocamento dos pensamentos é o que denominamos compulsão. As obsessões podem ser compreendidas nas seguintes dimensões:
Compulsões são comportamentos ou “atitudes mentais” repetidos em resposta a uma obsessão, realizados para prevenir ou aliviar o sofrimento da obsessão. Nem sempre as compulsões têm relação clara com o conteúdo das obsessões. Como exemplos de compulsões temos:
Vieses de pensamento são “distorções cognitivas” no modo como pessoas portadoras do TOC interpretam situações aversivas, relacionadas ou não às obsessões e compulsões. Estudos sobre o tema têm mostrado a ocorrência desses vieses, cujas apresentações mais comuns estão listadas a seguir:
Embora muitos pacientes com TOC apresentem sintomas ansiosos, essa não é uma premissa básica para a classificação diagnóstica do TOC, que pode ter apresentação bastante heterogênea de sintomas de ansiedade. O indivíduo portador do TOC pode inclusive apresentar vieses de pensamento e experiências fenômeno-sensoriais a depender da gravidade dos sintomas.
Causas
Uma somatória de fatores genéticos e ambientais está entre as causas mais prevalentes segundo resultados de pesquisas sobre o TOC. Estudos com gêmeos com TOC encontraram herança genética entre 45 a 65% nos casos de início precoce, e 27 a 47% em adultos. Pesquisas com o foco em famílias demonstram chances quatro vezes maiores dos familiares terem TOC quando há algum membro com TOC. Quanto à influência ambiental na doença, pesquisas encontraram aumento na prevalência de TOC em situações como desemprego ou inatividade profissional, separação, divórcio ou viuvez, uso de maconha/cocaína, e abuso ou dependência de álcool ao longo da vida. Há também maiores taxas de TOC entre adolescentes que sofreram mais eventos indesejáveis ao longo da vida.
Diagnóstico
O diagnóstico do TOC deve ser realizado pelo médico psiquiatra. Por muitos anos, o TOC foi classificado pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) – elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria – no capítulo dos transtornos de ansiedade. No entanto, na última edição publicada desse Manual, o DSM-V passou a incluir o TOC em um capítulo separado denominado Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos Associados. Os outros transtornos incluídos neste capítulo são o Transtorno Dismórfico Corporal, Tricotilomania, Transtorno de Acumulação e Dermatotilexomania (Transtorno de Escoriação ou Skin Picking).
Tratamento
O Tratamento do TOC se baseia em duas vertentes: farmacológica e não farmacológica. A terapia farmacológica, segundo as pesquisas mais recentes, pressupõe a administração de medicamentos inibidores seletivos ou não seletivos da recaptura de serotonina, ou ainda os da classe dos tricíclicos. A escolha do medicamento é realizada individualmente pelo psiquiatra, que deve avaliar qual o perfil mais apropriado para cada paciente e a dosagem necessária. Já o tratamento não farmacológico mais eficaz para o TOC é a Terapia Comportamental, na qual é feita a Análise Funcional do comportamento, identificando o contexto de vida na instalação e na manutenção do transtorno, o que permite a personalização do tratamento em cujas sessões são trabalhadas, entre outras, técnicas de “exposição com prevenção de respostas”. Dois outros tipos de terapêutica do clínico comportamental são a Terapia de Aceitação e Compromisso e a Psicoterapia Analítica Funcional. A combinação de terapia comportamental com a medicação é a alternativa de maior sucesso para o tratamento do TOC. Pelo fato do transtorno na grande maioria das vezes envolver também a família, a psicoeducação – ensino ao paciente e à família sobre o que é o transtorno e seu tratamento – é parte importante da intervenção do psiquiatra e do terapeuta comportamental.